Estrela do Oriente
O ano era 2002, o mundo assistia atônito a conflitos que viriam a durar décadas e mudar a política do mundo para sempre. O Brasil se preparava para eleger um metalúrgico, e ganhar uma copa do mundo. na TV as crianças assistiam Dragonball e brincavam com a boneca da Filó. A cidade de Pacajus tinha por volta dos seus 40 mil habitantes e um grupo de jovens da comunidade do buriti se preparava para criar aquele que viria a ser o Reisado Estrela do Oriente.
“Em meados de Dezembro de 2001 se sentiram curiosos em aprender mais sobre a cultura do Reisado e, dessa forma, em Janeiro de 2002, iniciaram as ações como um grupo de Tiragem de Reis, saindo de casa em casa, com seus instrumentos e enfeitados com lençóis pelas ruas da cidade alegrando o público Pacajuense.”
- MENEZES NAGILO 2019
Assim com um espírito de faça você mesmo e poucos recursos, movidos pela sede de cultura popular, o grupo floresceu, e vem lutando nestes últimos vinte anos para manter a tiragem de reis longe dos porões do esquecimento. Estes por sinal abarrotados daqueles cujas crenças e tradições já não serviam mais ao capital.
A concentração é na associação ali mesmo ao lado da singela capela, os participantes vão chegando aos poucos. Enquanto isso, dona Lúcia que é como uma grande mãe para todos se reveza entre preparar o jantar e dar alguns últimos pontos nos figurinos feitos a mão, muitos dos quais já carregam vários anos entre suas fibras, lantejoulas e fitas coloridas.
Tive o prazer de acompanhar o grupo durante as festividades do ano de 2022 percorrendo as ruas sinuosas do Bairro Buriti. Naquelas noites frias de janeiro busquei construir um relato que pudesse transmitir a emoção, e concentração necessárias para a tiragem. Assim como os transeuntes que passavam pelo grupo nas vielas escuras se alegravam. espero que você possa se conectar através da fotografia e se imaginar brincando Reisado conosco.